1976
O Bowie de Station to station
1976 foi o ano da entrevista infame à Playboy Magazine, que termina com a Playboy a perguntar: “Acreditas e manténs tudo o que disseste?” E o Thin White Duke a responder: “Tudo, menos os comentários provocatórios”. Foi também o ano de diversos outros ditos à velocidade da cocaína, cuja memória sobreviveu à passagem dos anos, nomeadamente os comentários pró-fascismo do músico. E foi o ano em que, a 21 de março, Bowie e alguns amigos, Iggy Pop incluído, foram detidos em Rochester, Nova Iorque, por posse de marijuana, tendo pernoitado na prisão. O juíz local, Alphonse Cassetti, agendou o dia 20 de abril (por coincidência, Dia da Erva) para as audiências preliminares, com Bowie a enfrentar um mínimo de 15 anos de prisão, ainda que com a possibilidade de a pena ser comutada em cinco anos de liberdade condicional. Em maio, no entanto, o júri de instrução recusou-se a acusar Bowie (que não voltou a atuar em Rochester) e as acusações foram abandonadas.
A 23 de janeiro saiu o álbum Station to Station, gravado entre setembro e novembro de 1975 nos Cherokee Studios, em Los Angeles, produzido por Bowie e Harry Maslin e que contém aquela que será talvez a melhor versão que Bowie alguma vez cantou, a de Wild is the Wind, tema originalmente interpretado, em 1957, por Johnny Mathis. O álbum fora gravado logo após Bowie ter dado por concluída a sua participação nas filmagens da película de Nicolas Roeg O Homem que Veio do Espaço/The Man Who Fell to Earth (o seu primeiro filme), estreado em 1976, no papel de Thomas Jerome Newton. Anos mais tarde, em 1983, Bowie referiu-se às filmagens do seguinte modo: “Fico muito contente por o ter feito, mas a verdade é que não tinha ideia do que se estava a fazer”. Ainda assim, o filme garantiu a Bowie o Saturn Award na categoria de Melhor Ator, o que é certamente ótimo para alguém que afirma não ter sabido o que fazia.
A 2 de fevereiro, Bowie e a banda (Carlos Alomar, Stacey Heydon, Dennis David, George Murray e Tony Kaye – a partir de março ficaram conhecidos pelo nome Raw Moon) arrancaram com a On Stage! Tour, no Pacific Coliseum, em Vancouver, num total de sessenta e quatro atuações nos Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Suíça, Finlândia, Suécia, Dinamarca, Inglaterra, Bélgica, Holanda e França, com término no Pavillion, em Paris, a 18 de maio.
O famigerado incidente de Victoria Station deu-se em Londres, durante a tournée, quando Bowie saudou a multidão no que se disse ter sido, depois de examinada uma foto da cena, uma saudação nazi. Mais tarde, Bowie, que comentara que o fotógrafo simplesmente o captara a meio do gesto, afirmou: “Estava fora de mim, completamente perturbado. O que me fazia funcionar era sobretudo a mitologia… tudo isso sobre Hitler e a Direita… tinha descoberto o Rei Artur”.
Saliente-se, no entanto, em abono da verdade, que basta observar o vídeo da ocorrência, disponível no Youtube, para compreendermos que Bowie se limitou a acenar e que é necessária alguma imaginação para confundir o seu aceno com a saudação nazi: The Victoria Station Incident .
Em todo o caso, as coisas tinham ido longe demais… Bowie deixou tudo para trás e mudou-se para a Suíça, onde o seu uso de cocaína diminuiu, e, no final do ano, juntamente com Iggy Pop, para Berlim Ocidental, com o fim de se libertarem das drogas. Uma mudança drástica na vida e na arte do músico.
A 23 de janeiro saiu o álbum Station to Station, gravado entre setembro e novembro de 1975 nos Cherokee Studios, em Los Angeles, produzido por Bowie e Harry Maslin e que contém aquela que será talvez a melhor versão que Bowie alguma vez cantou, a de Wild is the Wind, tema originalmente interpretado, em 1957, por Johnny Mathis. O álbum fora gravado logo após Bowie ter dado por concluída a sua participação nas filmagens da película de Nicolas Roeg O Homem que Veio do Espaço/The Man Who Fell to Earth (o seu primeiro filme), estreado em 1976, no papel de Thomas Jerome Newton. Anos mais tarde, em 1983, Bowie referiu-se às filmagens do seguinte modo: “Fico muito contente por o ter feito, mas a verdade é que não tinha ideia do que se estava a fazer”. Ainda assim, o filme garantiu a Bowie o Saturn Award na categoria de Melhor Ator, o que é certamente ótimo para alguém que afirma não ter sabido o que fazia.
A 2 de fevereiro, Bowie e a banda (Carlos Alomar, Stacey Heydon, Dennis David, George Murray e Tony Kaye – a partir de março ficaram conhecidos pelo nome Raw Moon) arrancaram com a On Stage! Tour, no Pacific Coliseum, em Vancouver, num total de sessenta e quatro atuações nos Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Suíça, Finlândia, Suécia, Dinamarca, Inglaterra, Bélgica, Holanda e França, com término no Pavillion, em Paris, a 18 de maio.
O famigerado incidente de Victoria Station deu-se em Londres, durante a tournée, quando Bowie saudou a multidão no que se disse ter sido, depois de examinada uma foto da cena, uma saudação nazi. Mais tarde, Bowie, que comentara que o fotógrafo simplesmente o captara a meio do gesto, afirmou: “Estava fora de mim, completamente perturbado. O que me fazia funcionar era sobretudo a mitologia… tudo isso sobre Hitler e a Direita… tinha descoberto o Rei Artur”.
Saliente-se, no entanto, em abono da verdade, que basta observar o vídeo da ocorrência, disponível no Youtube, para compreendermos que Bowie se limitou a acenar e que é necessária alguma imaginação para confundir o seu aceno com a saudação nazi: The Victoria Station Incident .
Em todo o caso, as coisas tinham ido longe demais… Bowie deixou tudo para trás e mudou-se para a Suíça, onde o seu uso de cocaína diminuiu, e, no final do ano, juntamente com Iggy Pop, para Berlim Ocidental, com o fim de se libertarem das drogas. Uma mudança drástica na vida e na arte do músico.
A única vez em que Bowie enfrentou a prisão, em Rochester, Nova Iorque
The man who fell to earth/O homem que veio do espaço: Bowie dá os primeiros passos no cinema