1980: Scary Monsters, Ajuda Promocional de Programação para DJs da rádio – disco nunca disponibilizado comercialmente - RCA
It’s No Game (Part 1)
“Sim. No álbum, há duas versões de It’s No Game, a faixa de abertura e a faixa final, ambas feitas em estilos completamente polarizados. Creio que o pensamento que subjaz esse facto surgiu de não pretender aparecer com um tipo ruidoso de canção de protesto, mas sim mostrar que sentimentos de ansiedade relativamente à sociedade se expressam em níveis diferentes e com intensidades diferentes. E o decurso do álbum transporta quem o ouve através de muitas das dúvidas e dos dilemas com que, enquanto autor, me confronto. Então, começo com um tipo de protesto que, de forma gradual e insidiosa, se transforma em algo menos traumático no final do álbum. Em todo o caso, esse foi o enfoque inicial. A versão da abertura é quase inarticulada quando entra a parte vocal. E fica a dever muitíssimo ao John Lennon. Seja como for, ele sempre teve essa intensidade que espero captar em alguns dos meus temas no álbum… quando procuro fazer esse tipo de jogada. E a rapariga japonesa na faixa… Queria quebrar um tipo particular de atitude sexista relativamente às mulheres. E achei que a rapariga japonesa tipifica essa atitude, visto que todos pensam nela como a geisha e como sendo dócil, extremamente modesta e incapaz de pensar. Quando, na verdade, esse é o oposto absoluto daquilo que as mulheres são. Elas pensam muitíssimo… (risos) … e com tanta energia como a de qualquer homem. Então, pretendi caricaturar esse tipo de atitude ao incluir no tema uma voz japonesa bastante enérgica. Foi assim que convidei uma amiga a cantar com uma tonalidade própria de um samurai.”
Up the Hill Backwards
“Esse tema é muito estranho porque… O que acontece na parte final é que surge uma espécie de compromisso. Mas, da primeira vez em que se ouve, soa como um encolher de ombros, quase cínico, uma atitude do tipo “não há nada que se possa fazer quanto a isso”, que nos é lançado na voz tipo middle of the road. Portanto, soa como o epítome da indiferença, mas a verdade é que lhe conferi, do princípio ao final, a extraordinária energia do (Robert) Fripp, quase Bo Didley, com o que aparece no início e no fim, que suporta o tema e lhe confere um outro tipo de tonalidade. Tem muito mais energia do que poderia parecer à primeira vista. Enquanto compromisso… Na verdade, contém um compromisso muito forte, só que disfarçado de indiferença.”
Scary Monsters (And Super Creeps)
“É realmente um pedaço desagradável do que caracteriza Londres. A personagem na faixa, e trata-se de uma personagem, não é de modo algum subjetiva, é objetiva em relação a algumas pessoas que conheci. Na verdade, é uma espécie de… criminoso com consciência, acho. Talvez seja sobre mim, vejamos… ele fala de como corrompeu uma mente jovem perfeitamente sã. Portanto, é o corruptor quem fala e que, penso, se debate com as suas próprias dúvidas.”
Ashes to Ashes
“Quando estava a ponderar como incluir o Major Tom nisto, dez anos depois, como seria a total desilusão relativamente ao grande sonho que lhe propuseram quando, dez anos antes, o lançaram para o espaço e todas as ideias maravilhosas que todos tinham, a alta tecnologia capaz de o colocar lá em cima, ele não sabia exatamente por que razão tinha sido colocado em órbita e, depois, abandonado. Mas agora, dez anos depois, vamos ter com ele e descobrimos que tudo azedou porque não havia nenhuma razão para o colocar no espaço. Foi o ego tecnológico que o colocou em órbita por nenhum motivo específico e que somou um desastre maior a tudo porque… e um pot-pourri de ideias tecnológicas… E a coisa mais desastrosa que consegui imaginar foi ele encontrar consolo numa droga do tipo heroína. Na verdade, o cosmos alimentava-o com um vício e ele pretendia… pretende, agora, regressar ao ventre de onde nasceu. É, também, uma cantiga de roda. É muito uma cantiga de roda dos anos 80. Acho que as cantigas de roda dos anos 80 vão ter muito a ver com as cantigas de roda dos anos 1880, 1890, que eram todas bastante horrendas e tinham rapazinhos a quem cortavam as orelhas e coisas desse género. Bom, eu acho que é… (risos) que estamos a regressar a isso. Acho que a ideia das bonitas cantigas de roda da Rua Sésamo poderá estar ultrapassada. Infelizmente.”
Fashion
Quando comecei a frequentar discotecas em Nova Iorque, no início dos anos setenta, havia uma espécie de grande entusiasmo e muita energia, algo que parecia seguir um rumo natural, mas que parece agora ter sido substituído por uma determinação obscura e insidiosa em estar na moda, em… como se fosse uma vocação. É uma coisa rodeada por algum tipo de aura estranha. Quis capturar essa sensação no tema Fashion. É, acima de tudo, acerca dessa determinação sombria.”
Teenage Wildlife
“Quis, sem dúvida, escrever um arquétipo. Sim. E esse tipo de canção sempre me impressionou e… de vez em quando, procurei escrever canções desse tipo. Acho que esta foi uma das mais bem conseguidas. Penso que poderia ser dirigida a um irmão mítico na adolescência se eu o tivesse. Ou talvez se dirija ao final da minha própria adolescência, não sei. Uma tentativa de corrigir tudo o que não foi bem feito. Procurar abordar uma mente jovem e ainda desarmada relativamente aos polos de atenção que vai encontrar e à teimosia das pessoas contra a mudança. E aceitar a mudança e fluir com ela, em lugar de se tornar reacionário e combatê-la, algo que resulta nos conflitos terríveis que encontramos à nossa volta.”
Scream like a Baby
“Não acredito de todo nesta sociedade da alta tecnologia. Não acredito que exista, acho que é um grande mito, acho que a ideia de canções hi-tech, música hi-tech, o botão do computador, seja o que for, não é assim, mas sim a um nível humano e muito emocional, de carne e osso, consegue-se antever a chegada de sentimentos anti-tecnológicos ainda mais assustadores. A velha e simbólica luta de rua talvez se torne menos simbólica, mas tornar-se-á realidade. Consegue-se antever a lamentável década de oitenta. E esta é, acho, uma das minhas… Caio muitas vezes neste tipo de nostalgia do futuro. É… (risos) Torna-se evidente, se olharmos para qualquer álbum que eu tenha feito, esse tema em particular reflete uma escrita, um declinar, um olhar para algo que ainda não aconteceu, mas a verdade é que se consegue sentir algo de Orwelliano.”
Kingdom Come
“Acho que ele é um dos melhores novos autores de Nova Iorque (refere-se a Tom Verlaine, autor do tema). É mesmo excecional, acho que tem… Desejaria que ele tivesse um público bem mais vasto. De certeza que não tardará até que conquiste o público. E esta foi uma das músicas minhas preferidas do seu mais recente álbum. E o Carlos Alomar e eu decidimos que poderia ser um grande tema e fizemos a nossa versão. Portanto, também é uma espécie de aceno ao Ronnie Spector. Muito ligeiramente. Alguém que também admiro imenso.”
Because You’re Young
“Sim. Foi muito simpático da parte dele (referência a Pete Townshend, dos The Who). Chegou, ouviu a música e decidiu que gostaria de tocar nela. E assim fez. (risos) Oh, é uma canção de amor, é isso mesmo! (risos) Não há muito mais a dizer. Acho que incarnei o papel de um velho hipster. (risos) Olhando para um par de jovens loucos e sabendo que tudo acabará por se extinguir. Meu Deus, sou mesmo depressivo! (risos)”
It’s No Game (Part 2)
“O sentimento global com que trabalhei o It’s No Game no final do álbum foi… O que sucede quando um protesto ou uma declaração mal-humorada são tantas vezes lançados que o falante percebe que já não dispõe de qualquer energia que lhe permita ter algum tipo de impacto? E então, o tema surge num tipo de nível superficial cadenciado e muito melódico. O sentimento é exatamente o mesmo do que no tema de entrada do primeiro lado. Mas a atmosfera alterou-se. Possui uma qualidade suave, quase nostálgica, em lugar da declaração zangada e veemente do início do álbum. São as duas faces do protesto social.”
O design do álbum
“Sim, a capa foi, uma vez mais, uma colaboração entre um fotógrafo com quem já trabalhei diversas vezes, Brian Duffy, o excelente pintor Thomas Bell, um jovem pintor inglês, e eu mesmo, de modo a produzir novamente uma espécie de… a caixa de Pandora que existe no interior de cada maravilhoso ser humano. O desmoronar do que aparenta pureza.”
O novo look do palhaço
“Remontei quase 12, 13 anos, a quando estava a trabalhar com a companhia de mimos em Londres, a companhia de mimos Lindsay Kemp. E a personagem baseia-se bastante na personagem criada pelo Lindsay Kemp, que era uma espécie de palhaço vitoriano de muito, muito bom aspeto. Peguei nele, olhei para o interior e foi aí que surgiu o lado desarrumado do palhaço, os dois lados do palhaço. Mas é, hmm, uma vez mais um aceno ao passado e a um elemento com que comecei. Estamos sempre a regressar e a olhar para trás e a incorporar as coisas antigas e, ocasionalmente, a reavaliá-las. Nesta altura em particular, eu estava a reavaliar esse período.”
A forma de cantar
“É minha firme opinião que o que realmente cativa o ouvido na música moderna são os enganos mais estranhos. Considero-os muito interessantes e prefiro encontrar os erros num tema e construir em cima deles, estruturá-los de modo a tornarem-se parte integrante da música. O que aconteceu inúmeras vezes, embora agora ninguém o consiga perceber. Mas há imensos enganos no álbum com os quais preferi alinhar em lugar de os eliminar. E os próprios erros tornaram-se peças muito interessantes para se trabalhar.”
Colocar-se em risco
“Tanto quanto alguém pode correr riscos artisticamente hoje em dia, é… Desde os dadaístas, creio, que declararam a arte como morta… Depois de se ter dito que a arte estava morta, torna-se muito, muito difícil ser-se ainda mais radical. Então, desde 1924 que a arte tem estado morta. Que diabo é que podemos fazer a partir daí? Procuramos arranjar-lhe novas indumentárias e encará-la de diferentes pontos de vista.”
“Sim. No álbum, há duas versões de It’s No Game, a faixa de abertura e a faixa final, ambas feitas em estilos completamente polarizados. Creio que o pensamento que subjaz esse facto surgiu de não pretender aparecer com um tipo ruidoso de canção de protesto, mas sim mostrar que sentimentos de ansiedade relativamente à sociedade se expressam em níveis diferentes e com intensidades diferentes. E o decurso do álbum transporta quem o ouve através de muitas das dúvidas e dos dilemas com que, enquanto autor, me confronto. Então, começo com um tipo de protesto que, de forma gradual e insidiosa, se transforma em algo menos traumático no final do álbum. Em todo o caso, esse foi o enfoque inicial. A versão da abertura é quase inarticulada quando entra a parte vocal. E fica a dever muitíssimo ao John Lennon. Seja como for, ele sempre teve essa intensidade que espero captar em alguns dos meus temas no álbum… quando procuro fazer esse tipo de jogada. E a rapariga japonesa na faixa… Queria quebrar um tipo particular de atitude sexista relativamente às mulheres. E achei que a rapariga japonesa tipifica essa atitude, visto que todos pensam nela como a geisha e como sendo dócil, extremamente modesta e incapaz de pensar. Quando, na verdade, esse é o oposto absoluto daquilo que as mulheres são. Elas pensam muitíssimo… (risos) … e com tanta energia como a de qualquer homem. Então, pretendi caricaturar esse tipo de atitude ao incluir no tema uma voz japonesa bastante enérgica. Foi assim que convidei uma amiga a cantar com uma tonalidade própria de um samurai.”
Up the Hill Backwards
“Esse tema é muito estranho porque… O que acontece na parte final é que surge uma espécie de compromisso. Mas, da primeira vez em que se ouve, soa como um encolher de ombros, quase cínico, uma atitude do tipo “não há nada que se possa fazer quanto a isso”, que nos é lançado na voz tipo middle of the road. Portanto, soa como o epítome da indiferença, mas a verdade é que lhe conferi, do princípio ao final, a extraordinária energia do (Robert) Fripp, quase Bo Didley, com o que aparece no início e no fim, que suporta o tema e lhe confere um outro tipo de tonalidade. Tem muito mais energia do que poderia parecer à primeira vista. Enquanto compromisso… Na verdade, contém um compromisso muito forte, só que disfarçado de indiferença.”
Scary Monsters (And Super Creeps)
“É realmente um pedaço desagradável do que caracteriza Londres. A personagem na faixa, e trata-se de uma personagem, não é de modo algum subjetiva, é objetiva em relação a algumas pessoas que conheci. Na verdade, é uma espécie de… criminoso com consciência, acho. Talvez seja sobre mim, vejamos… ele fala de como corrompeu uma mente jovem perfeitamente sã. Portanto, é o corruptor quem fala e que, penso, se debate com as suas próprias dúvidas.”
Ashes to Ashes
“Quando estava a ponderar como incluir o Major Tom nisto, dez anos depois, como seria a total desilusão relativamente ao grande sonho que lhe propuseram quando, dez anos antes, o lançaram para o espaço e todas as ideias maravilhosas que todos tinham, a alta tecnologia capaz de o colocar lá em cima, ele não sabia exatamente por que razão tinha sido colocado em órbita e, depois, abandonado. Mas agora, dez anos depois, vamos ter com ele e descobrimos que tudo azedou porque não havia nenhuma razão para o colocar no espaço. Foi o ego tecnológico que o colocou em órbita por nenhum motivo específico e que somou um desastre maior a tudo porque… e um pot-pourri de ideias tecnológicas… E a coisa mais desastrosa que consegui imaginar foi ele encontrar consolo numa droga do tipo heroína. Na verdade, o cosmos alimentava-o com um vício e ele pretendia… pretende, agora, regressar ao ventre de onde nasceu. É, também, uma cantiga de roda. É muito uma cantiga de roda dos anos 80. Acho que as cantigas de roda dos anos 80 vão ter muito a ver com as cantigas de roda dos anos 1880, 1890, que eram todas bastante horrendas e tinham rapazinhos a quem cortavam as orelhas e coisas desse género. Bom, eu acho que é… (risos) que estamos a regressar a isso. Acho que a ideia das bonitas cantigas de roda da Rua Sésamo poderá estar ultrapassada. Infelizmente.”
Fashion
Quando comecei a frequentar discotecas em Nova Iorque, no início dos anos setenta, havia uma espécie de grande entusiasmo e muita energia, algo que parecia seguir um rumo natural, mas que parece agora ter sido substituído por uma determinação obscura e insidiosa em estar na moda, em… como se fosse uma vocação. É uma coisa rodeada por algum tipo de aura estranha. Quis capturar essa sensação no tema Fashion. É, acima de tudo, acerca dessa determinação sombria.”
Teenage Wildlife
“Quis, sem dúvida, escrever um arquétipo. Sim. E esse tipo de canção sempre me impressionou e… de vez em quando, procurei escrever canções desse tipo. Acho que esta foi uma das mais bem conseguidas. Penso que poderia ser dirigida a um irmão mítico na adolescência se eu o tivesse. Ou talvez se dirija ao final da minha própria adolescência, não sei. Uma tentativa de corrigir tudo o que não foi bem feito. Procurar abordar uma mente jovem e ainda desarmada relativamente aos polos de atenção que vai encontrar e à teimosia das pessoas contra a mudança. E aceitar a mudança e fluir com ela, em lugar de se tornar reacionário e combatê-la, algo que resulta nos conflitos terríveis que encontramos à nossa volta.”
Scream like a Baby
“Não acredito de todo nesta sociedade da alta tecnologia. Não acredito que exista, acho que é um grande mito, acho que a ideia de canções hi-tech, música hi-tech, o botão do computador, seja o que for, não é assim, mas sim a um nível humano e muito emocional, de carne e osso, consegue-se antever a chegada de sentimentos anti-tecnológicos ainda mais assustadores. A velha e simbólica luta de rua talvez se torne menos simbólica, mas tornar-se-á realidade. Consegue-se antever a lamentável década de oitenta. E esta é, acho, uma das minhas… Caio muitas vezes neste tipo de nostalgia do futuro. É… (risos) Torna-se evidente, se olharmos para qualquer álbum que eu tenha feito, esse tema em particular reflete uma escrita, um declinar, um olhar para algo que ainda não aconteceu, mas a verdade é que se consegue sentir algo de Orwelliano.”
Kingdom Come
“Acho que ele é um dos melhores novos autores de Nova Iorque (refere-se a Tom Verlaine, autor do tema). É mesmo excecional, acho que tem… Desejaria que ele tivesse um público bem mais vasto. De certeza que não tardará até que conquiste o público. E esta foi uma das músicas minhas preferidas do seu mais recente álbum. E o Carlos Alomar e eu decidimos que poderia ser um grande tema e fizemos a nossa versão. Portanto, também é uma espécie de aceno ao Ronnie Spector. Muito ligeiramente. Alguém que também admiro imenso.”
Because You’re Young
“Sim. Foi muito simpático da parte dele (referência a Pete Townshend, dos The Who). Chegou, ouviu a música e decidiu que gostaria de tocar nela. E assim fez. (risos) Oh, é uma canção de amor, é isso mesmo! (risos) Não há muito mais a dizer. Acho que incarnei o papel de um velho hipster. (risos) Olhando para um par de jovens loucos e sabendo que tudo acabará por se extinguir. Meu Deus, sou mesmo depressivo! (risos)”
It’s No Game (Part 2)
“O sentimento global com que trabalhei o It’s No Game no final do álbum foi… O que sucede quando um protesto ou uma declaração mal-humorada são tantas vezes lançados que o falante percebe que já não dispõe de qualquer energia que lhe permita ter algum tipo de impacto? E então, o tema surge num tipo de nível superficial cadenciado e muito melódico. O sentimento é exatamente o mesmo do que no tema de entrada do primeiro lado. Mas a atmosfera alterou-se. Possui uma qualidade suave, quase nostálgica, em lugar da declaração zangada e veemente do início do álbum. São as duas faces do protesto social.”
O design do álbum
“Sim, a capa foi, uma vez mais, uma colaboração entre um fotógrafo com quem já trabalhei diversas vezes, Brian Duffy, o excelente pintor Thomas Bell, um jovem pintor inglês, e eu mesmo, de modo a produzir novamente uma espécie de… a caixa de Pandora que existe no interior de cada maravilhoso ser humano. O desmoronar do que aparenta pureza.”
O novo look do palhaço
“Remontei quase 12, 13 anos, a quando estava a trabalhar com a companhia de mimos em Londres, a companhia de mimos Lindsay Kemp. E a personagem baseia-se bastante na personagem criada pelo Lindsay Kemp, que era uma espécie de palhaço vitoriano de muito, muito bom aspeto. Peguei nele, olhei para o interior e foi aí que surgiu o lado desarrumado do palhaço, os dois lados do palhaço. Mas é, hmm, uma vez mais um aceno ao passado e a um elemento com que comecei. Estamos sempre a regressar e a olhar para trás e a incorporar as coisas antigas e, ocasionalmente, a reavaliá-las. Nesta altura em particular, eu estava a reavaliar esse período.”
A forma de cantar
“É minha firme opinião que o que realmente cativa o ouvido na música moderna são os enganos mais estranhos. Considero-os muito interessantes e prefiro encontrar os erros num tema e construir em cima deles, estruturá-los de modo a tornarem-se parte integrante da música. O que aconteceu inúmeras vezes, embora agora ninguém o consiga perceber. Mas há imensos enganos no álbum com os quais preferi alinhar em lugar de os eliminar. E os próprios erros tornaram-se peças muito interessantes para se trabalhar.”
Colocar-se em risco
“Tanto quanto alguém pode correr riscos artisticamente hoje em dia, é… Desde os dadaístas, creio, que declararam a arte como morta… Depois de se ter dito que a arte estava morta, torna-se muito, muito difícil ser-se ainda mais radical. Então, desde 1924 que a arte tem estado morta. Que diabo é que podemos fazer a partir daí? Procuramos arranjar-lhe novas indumentárias e encará-la de diferentes pontos de vista.”